Guerra pelo primeiro lugar do top de vendas de livros em Portugal

Janeiro 16, 2010

Nunca o primeiro lugar das vendas de livros no último trimestre do ano foi tão disputado em Portugal como o deste Natal. Estavam em disputa pelo primeiro lugar dois autores típicos de best-sellers, o português José Rodrigues dos Santos e o norte-americano Dan Brown, com dois livros novos para seduzir o leitor e atingir o topo. O DN fez as contas e publicou esta segunda-feira o resultado da contabilidade feita sobre os números que as editoras facultaram ao jornal. Ganhou Rodrigues dos Santos, com mais dez mil livros vendidos que Dan Brown. O número que a editora Gradiva forneceu foi de 160 mil Fúria Divina postos à venda, enquanto a Bertrand somava 150 mil O Símbolo Perdido colocados nas livrarias de todo o País, na mesma condição. Setenta e duas horas depois, a Bertrand divulgou a informação contrária: “Dan Brown é líder de vendas em 2009.” Suportava esta reviravolta nas vendas com os números da consultora GFK Portugal, e a editora colocava Dan Brown como “o livro mais vendido o ano passado pelas livrarias nacionais” ao actualizar o número de exemplares de O Símbolo Perdido para um total de “cerca de 170 mil”. Segundo um responsável desta editora, “quando mencionamos os 170 mil exemplares consideramos não apenas o mercado livreiro mas também a rede Círculo de Leitores”. Aproximadamente 20 mil livros, segundo o DN apurou. Parecia estar explicada a diferença para devolver esta “posição” ao novo líder de vendas de Natal e aceitar que não seria ainda em 2009 que um autor nacional conseguiria ultrapassar Dan Brown pela primeira vez. Ouvida a Gradiva, o editor Guilherme Valente foi claro: “Bom, a Gradiva não se engana nas contas. Por isso, apesar de não sermos clientes da GFK, tomamos a liberdade de lhes sugerir que revejam os seus cálculos. É que Fúria Divina esteve sempre no primeiro lugar dos tops durante o mês de Dezembro, que é, como se sabe, o mês de maiores vendas.” E, acrescenta, “não trocaríamos o nosso José Rodrigues dos Santos pelo Dan Brown. De qualquer modo, parabéns aos nossos amigos da Bertrand!”. A resposta da Gradiva à Bertrand voltou a colocar a questão de quem vendeu mais afinal. A resposta a esta guerra editorial é simples e não coloca dúvidas: José Rodrigues dos Santos. O DN explica, fazendo uso dos números invocados pela Bertrand, os da consultora GFK – que são informações reservadas às editoras que contrataram o serviço. Sem revelar a sua confidencialidade, pode-se enunciar que até ao fim de Novembro a diferença entre estes dois autores era de 20 mil exemplares, estando José Rodrigues dos Santos em vantagem. Até meados de Dezembro, as vendas de O Símbolo Perdido foram também inferiores, desta vez um pouco abaixo dos 20 mil exemplares. Ou seja, a Fúria Divina levou um avanço de quase 40 mil livros neste período. Os números desta consultora são dos mais fiáveis e representam a maior parte da quota de comercialização de livros em Portugal, o das grandes superfícies e cadeias de livrarias – como as da própria Bertrand -, cerca de 75%. A restante percentagem diz respeito às livrarias tradicionais, onde não se incluem as cadeias FNAC, Bulhosa e Bertrand, bem como os hipermercados. O retalho tradicional, no entender de um responsável do ramo editorial, não inverte a tendência do mercado deste modo. Ambos os livros foram colocados à venda em Outubro. José Rodrigues dos Santos a 24 e Dan Brown a 29. A semana de avanço do português deu-lhe uma imediata vantagem de milhares de livros, em Novembro Dan Brown ameaçou, mas no mês do Natal a Fúria Divina ganhou a guerra. Refira-se que, desde 2003, estes dois autores em causa dominam as vendas em Portugal e apenas Miguel Sousa Tavares interrompeu o duelo com o seu Equador e Rio das Flores, em 2003 e 2007.

in Diário de Notícias