Esta quinta-feira, Armando Carvalhêda, recebe no palco da rádio os UHF. Foram onze meses e meio de retiro numa vila alentejana, Vendas Novas, e todos os dias o caminho pela auto-estrada que rasga as planícies onduladas, um frio de rachar no Inverno e um calor estático no Verão. Houve tempo, em cada viagem diária, para meditar neste tempo que vivemos, no momento inseguro que cruzamos enquanto nação. Este disco é um manifesto atento, quando o artista tem consciência de que não pode ficar de fora. Será este um disco de intervenção? É, por certo, na linha de muitas canções que os UHF gravaram, de uma escola onde bebi influências, denso e sereno. Toca nas feridas, mas não guarda o queixume – aponta rumos. Quando as canções se entoam, os corações pulsam de emoção. Os doze episódios que integram este CD são o Best of de um lote que fomos gravando entre Junho de 2009 e Junho de 2010, entre o estúdio e a estrada: é, por tudo isto, um trabalho ambicioso e o maior investimento financeiro que alguma vez fizemos. Há momentos em que acreditamos muito, e este é um desses momentos. É uma afirmação política; tem o choro e a devoção do amor adulto; mantém a conversa entre os do palco e os da plateia. Vai da confissão sussurrada ao grito que a batida feroz sustenta. De novo António Manuel Ribeiro com a lucidez de sempre lança no palco da rádio a pergunta “Porquê”.
in Antena 1
Lisboa | Teatro da Luz | Entradas Grátis | Transmissão Antena 1 | Viva a Música |15.12 – 16.00 |